"Anda lá... mais um passo... depois abres a boca e articulas algumas palavras..."
Atrás de mim ouvia palavras como "Vá lá!!! Vai em frente!" e " Espeta-lhe um beijo miúdaaaa" em conjunto com inúmeros risinhos dos meus amigos...
Opáh! Ele estava de costas para mim... À procura de qualquer coisa no cacifo. Espreitei. Desarrumado, mas não nojento... Bem, rapazes...
Tirei a chave do meu cacifo do bolso e avancei. O dele era dois à direita do meu... Era bom para disfarçar...
Respirei fundo. O cabelo encaracolado, castanho de reflexos avermelhados, e, apesar de não os ver imaginava os fantásticos olhos acinzentados, fixos nos meus. Respirei fundo outra vez. Com tantos suspiros acabaria por desmaiar, mas enfim.
Os meus amigos continuavam na mesma tagarelice... Às vezes irritava, mas são meus amigos, servem para isso mesmo.
Como estava a dizer, saquei da chave, e abri o cacifo. O meu olhar vacilou uns centímetros para a direita para o ver a olhar, timidamente, para mim.
Esboçou um daqueles sorrisos que me deixava literalmente KO. Bem, eu desatei com risinhos parvos, para disfarçar as borboletas no estômago e o fraquejar, nas pernas. Desviei o olhar para as minhas mãos vazias, dentro do cacifo.
- Então... hum... Tens o cacifo organizado... Muito bonito... - Bonito? É igual aos outros... ou então... Ah!!
- Ya... O teu também não está mal... - A minha voz parecia um apito. Eu não o olhava, mas percebia que ele olhava fixamente para mim, não para o cacifo.
- Estás bem? Pareces tensa... - E fechou o meu cacifo. "Aiai!"
- Eu?! Eu estou bem... quer dizer, sim!
- Hum... Queres... bem... queres ir dar uma volta? - E, esticando a mão, acariciou-me o braço, hesitante...
- Eu... - Olhei para o relógio: 16:06 da tarde. Não iria ter mais aula nenhuma... "Aceitaaaaa" Dizia a voz na minha cabeça. - Cla-ro...
Por sílabas? Ai meu Deus como eu estava!
- Ainda bem! - Pareceu-me ouvi-lo sussurrar.
- E vamos aonde?
- Qualquer lugar é ideal... - Depois estacou... Teria dito algo de mal?
- Hum... Bem... Está calor não está?
- Sim... Vamos o jardim?
- Por mim tu...
Depois vi... Os olhos dele fixos nos meus, muitos brilhantes e muito mais transparentes que o normal. Estava corado, e sério... Tinha envolvido o braço esquerdo na minha cintura e puxara-me para junto de si.
Calma coração...
- Hum... tenho que falar contigo Marina...
- Sobre...?
- Quero falar contigo. - Repetiu.
Depois em passadas largas e decididas levou-me para o jardim, perto da escola. Parámos numa zona mais escondida, entre dois grandes abetos. Sentou-se no banco de pedra e eu ao lado dele. Só aí tirou o braço da minha cintura, agarrando-me a mãos.
Só me apetecia abraçá-lo. E beijá-lo... Dizer-lhe o quanto o amava, senti-lo meu, sentir a pele dele na minha, sentir o amor dele, ser feliz...
Quanto demoraria? Iria demorar? Iria acontecer... Algo ia acontecer, sentia-o.
Os olhos dele fixavam os meus.
Mas não era brilho o que eu tinha visto antes...
Estava a chorar.
Atrás de mim ouvia palavras como "Vá lá!!! Vai em frente!" e " Espeta-lhe um beijo miúdaaaa" em conjunto com inúmeros risinhos dos meus amigos...
Opáh! Ele estava de costas para mim... À procura de qualquer coisa no cacifo. Espreitei. Desarrumado, mas não nojento... Bem, rapazes...
Tirei a chave do meu cacifo do bolso e avancei. O dele era dois à direita do meu... Era bom para disfarçar...
Respirei fundo. O cabelo encaracolado, castanho de reflexos avermelhados, e, apesar de não os ver imaginava os fantásticos olhos acinzentados, fixos nos meus. Respirei fundo outra vez. Com tantos suspiros acabaria por desmaiar, mas enfim.
Os meus amigos continuavam na mesma tagarelice... Às vezes irritava, mas são meus amigos, servem para isso mesmo.
Como estava a dizer, saquei da chave, e abri o cacifo. O meu olhar vacilou uns centímetros para a direita para o ver a olhar, timidamente, para mim.
Esboçou um daqueles sorrisos que me deixava literalmente KO. Bem, eu desatei com risinhos parvos, para disfarçar as borboletas no estômago e o fraquejar, nas pernas. Desviei o olhar para as minhas mãos vazias, dentro do cacifo.
- Então... hum... Tens o cacifo organizado... Muito bonito... - Bonito? É igual aos outros... ou então... Ah!!
- Ya... O teu também não está mal... - A minha voz parecia um apito. Eu não o olhava, mas percebia que ele olhava fixamente para mim, não para o cacifo.
- Estás bem? Pareces tensa... - E fechou o meu cacifo. "Aiai!"
- Eu?! Eu estou bem... quer dizer, sim!
- Hum... Queres... bem... queres ir dar uma volta? - E, esticando a mão, acariciou-me o braço, hesitante...
- Eu... - Olhei para o relógio: 16:06 da tarde. Não iria ter mais aula nenhuma... "Aceitaaaaa" Dizia a voz na minha cabeça. - Cla-ro...
Por sílabas? Ai meu Deus como eu estava!
- Ainda bem! - Pareceu-me ouvi-lo sussurrar.
- E vamos aonde?
- Qualquer lugar é ideal... - Depois estacou... Teria dito algo de mal?
- Hum... Bem... Está calor não está?
- Sim... Vamos o jardim?
- Por mim tu...
Depois vi... Os olhos dele fixos nos meus, muitos brilhantes e muito mais transparentes que o normal. Estava corado, e sério... Tinha envolvido o braço esquerdo na minha cintura e puxara-me para junto de si.
Calma coração...
- Hum... tenho que falar contigo Marina...
- Sobre...?
- Quero falar contigo. - Repetiu.
Depois em passadas largas e decididas levou-me para o jardim, perto da escola. Parámos numa zona mais escondida, entre dois grandes abetos. Sentou-se no banco de pedra e eu ao lado dele. Só aí tirou o braço da minha cintura, agarrando-me a mãos.
Só me apetecia abraçá-lo. E beijá-lo... Dizer-lhe o quanto o amava, senti-lo meu, sentir a pele dele na minha, sentir o amor dele, ser feliz...
Quanto demoraria? Iria demorar? Iria acontecer... Algo ia acontecer, sentia-o.
Os olhos dele fixavam os meus.
Mas não era brilho o que eu tinha visto antes...
Estava a chorar.